domingo, 28 de junho de 2009

A casa dos sonhos

Imagens do site minihouse.se

Quando eu era pequena, sonhava com uma casa em cima da árvore. Pegava o Manual do Professor Pardal na biblioteca do meu pai e ficava conjecturando um modo de realizar meu sonho. Tive que me conformar com as cabaninhas que fazia com as cadeiras da mesa de jantar e alguns cobertores.
Tudo bem que, na condição de criança, jamais conseguiria a proeza de montar a casa na árvore, mas no mundo dos adultos, tudo muda de figura. O jovem arquiteto sueco (ah, os talentos da Suécia...) Jonas Wagell encontrou a solução através de uma lei de seu país. Desde primeiro de janeiro de 2008, é possível construir na Suécia uma casa de até 15 metros quadrados no próprio terreno, sem qualquer tipo de autorização ou burocracia.
Wagell desenvolveu então a minicasa, uma casinha pré-fabricada que pode ser montada em um final de semana, seguindo um manual de instruções. Oito peças de compensado formam a estrutura da casa que é moderna, funcional e muito aconchegante.
A minicasa custa 12 mil euros e pode ser personalizada com módulos que são pagos à parte. Confesso que a ideia me trouxe de volta os sonhos de criança que ficaram esquecidos nas páginas do antigo Manual do Professor Pardal.
Para ver mais fotos e a maquete,acesse o site www.minihouse.se



quinta-feira, 25 de junho de 2009

Novo endereço

Imagem Google

Já não ouço mais a baderna dos meninos da favela quando voltam da aula, nem os pneus dos carros deslizando em dia de chuva, insistindo em alcançar o topo do morro. Da minha nova janela, vejo pessoas saudáveis correndo em volta de um bosque. Um céu que parece o infinito do mar, com nuvens que são loucas propositalmente para dar movimento onde a gente só vê linhas. De vez em quando, um louco passa gritando, mas eu nunca consegui entender o que ele diz. Aqui não existem vozes, talvez porque as esquinas são muito rígidas. Nunca escutei latido de cachorro ou miado de gato, mas de noite quando fecho os olhos, ouço pássaros que me dão boa noite e me acordam bem cedinho no dia seguinte. Carros, carros, carros, como se a longa avenida não tivesse fim nem tempo certo pra ser percorrida. É bom ter um espaço grande e um horizonte sem fronteiras, mas faz falta a sensação do aconchego das ruas estreitas e dos pequenos quadradinhos de céu, escondidos entre árvores e prédios de muitos andares. Mudar de endereço não significa mudar de identidade, como se o passado pudesse ser cancelado como foto antiga de documento, em que ninguém nos reconhece mais. Olhar por uma nova janela não pode ser difícil se a gente busca enxergar o sentido por detrás de cada mudança.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Milhares de sóis

Foto de Isabela

O sol se põe inúmeras vezes ao longo da vida que a gente vive. A magia deste momento significa a hora do jantar de quem vive na roça, o sinal barulhento para os alunos na sala de aula, a ave maria musicada para o caminhoneiro que segue viagem, a reverência de frente à mesquita, o sinal da cruz perante a igreja. Quantos pôres do sol a gente vive sem vivê-los e quantos deles a gente guarda pra sempre como um momento único e sublime.
Eu me lembro muito bem de dois, um na montanha e um no mar, um com pássaros e outro com golfinhos, um com vento e outro com a brisa.
Sentei na neve fofinha e olhei lá de cima a casinha de pedras, nem sinal de cidade. Na minha frente uma montanha, do meu lado e atrás de mim, outras duas, era uma cadeia e eu no meio dela. Os mistérios do dia-a-dia foram dissolvendo como quando o sol encosta na neve no início de primavera. O frio entrou pela orelha e me fez amassar o nariz com as luvas. Eu sabia que passados os anos, eu jamais iria viver a mesma sensação.
Subi uma outra pedra no verão do oriente, escorreguei na terra marrom, ralei o dedo e fiquei com medo. Nos sentamos e aceitamos o melão do vendedor solitário que suava carregando um balaio. Saboreando a fruta doce e contemplando o mar até onde vai aquela linha de infinito, avistamos seis golfinhos que lá de longe transitavam alheios ao que acontecia no mundo fora do oceano. Um balé fenomenal ritmado por uma música própria, já que o único som era aquele do vento. A bola de fogo descia e estava cada vez mais perto do mar, dentro de pouquíssimos minutos ela encontraria os golfinhos, os peixes e toda a vida no fundo do mar. O espetáculo deixaria de ser só nosso. Não pude não sentir imensa gratidão por ter uma terra minha,um sol meu, seis golfinhos, um companheiro e milhares de pôres do sol pela frente.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Você é o que você usa

Imagem Google

Alguém sabe realmente o que está por detrás da camiseta que veste? Não falo de estilo ou de moda como expressão de ideologias ou estado de espírito. Falo de todo processo pelo qual esta peça passou até chegar ao nosso corpo, da colheita do algodão ao transporte que a levou até a vitrine onde ela nos encantou.
Muita gente não sabe, mas o algodão, material presente na maioria das roupas que a gente usa, é um dos que recebe maior quantidade de agrotóxicos. 25% dos inseticidas usados no mundo são destinados às lavouras de algodão. Isso significa que estamos usando veneno para cobrir o nosso corpo. Um veneno perigoso, que além de afetar o meio ambiente, está matando aos poucos as pessoas envolvidas na colheita e contribuindo para desequilibrar o planeta.
Conheci o Instituto Ecotece, ao redigir uma matéria sobre consumo consciente para uma revista. A organização foi criada pela jornalista Ana Cândida Zanesco, que me explicou os objetivos do Ecotece e falou sobre a importância de avaliarmos o impacto do que vestimos no meio ambiente e na sociedade.
Para a produção de uma camiseta que pesa 250 gramas, são utilizados 160 gramas de agrotóxicos. Além disso, os processos de lavagem, tingimento e transporte agridem ativamente a natureza. Uma solução defendida pelo Ecotece é o uso de algodão orgânico, que além de respeitar o solo, não afeta a saúde das pessoas e sua produção realizada por pequenos agricultores locais, ajuda a incrementar a economia de forma sustentável. Todo mundo sai ganhando.
O Vestir Consciente, movimento criado pelo instituto, propõe uma mudança de consciência. Falar de moda ecológica, socioambiental ou sustentável é pouco. O que eles defendem é um retorno às nossas origens, de um relacionamento mais puro e respeitoso com a mãe natureza.
A dica para colocar a coisa em prática vem de soluções simples: que tal pensar se realmente precisa daquela roupa que está prestes a comprar? O que acha de reciclar aquela que já tem no armário ou procurar em um brechó alguma peça legal? A gente é o que a gente usa, e a partir daí mostramos pro mundo nossa inteligência e sensibilidade. Uma visita ao site do Ecotece ajuda a abrir os horizontes.
www.ecotece.org.br

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cidade de areia

Imagem Afp

Os maiores artistas de escultura na areia estão reunidos em Berlim, onde acontece até agosto, a Sandsation 2009, famoso festival internacional de esculturas na areia. O evento transforma a estação central de Hauptbahnhof em uma verdadeira galeria de arte e este ano tem como tema a "Cidade do Futuro". São 12 esculturas realizadas por artistas do mundo inteiro, a maior delas, de cerca de 8 metros será feita de forma coletiva por todos os participantes. A proposta dos organizadores é que eles realizem uma escultura pensando em como será Berlim no ano de 2222. O evento marca as comemorações pelos 20 anos da queda do Muro de Berlim. Para realizar as 12 esculturas expostas foram necessários 5 mil metros cubos de areia. Um dos favoritos é o artista indiano Sudarshan Pattnaik, com sua obra intitulada "Cidade da Paz", na foto acima.