quinta-feira, 25 de junho de 2009

Novo endereço

Imagem Google

Já não ouço mais a baderna dos meninos da favela quando voltam da aula, nem os pneus dos carros deslizando em dia de chuva, insistindo em alcançar o topo do morro. Da minha nova janela, vejo pessoas saudáveis correndo em volta de um bosque. Um céu que parece o infinito do mar, com nuvens que são loucas propositalmente para dar movimento onde a gente só vê linhas. De vez em quando, um louco passa gritando, mas eu nunca consegui entender o que ele diz. Aqui não existem vozes, talvez porque as esquinas são muito rígidas. Nunca escutei latido de cachorro ou miado de gato, mas de noite quando fecho os olhos, ouço pássaros que me dão boa noite e me acordam bem cedinho no dia seguinte. Carros, carros, carros, como se a longa avenida não tivesse fim nem tempo certo pra ser percorrida. É bom ter um espaço grande e um horizonte sem fronteiras, mas faz falta a sensação do aconchego das ruas estreitas e dos pequenos quadradinhos de céu, escondidos entre árvores e prédios de muitos andares. Mudar de endereço não significa mudar de identidade, como se o passado pudesse ser cancelado como foto antiga de documento, em que ninguém nos reconhece mais. Olhar por uma nova janela não pode ser difícil se a gente busca enxergar o sentido por detrás de cada mudança.

2 comentários:

Daniel disse...

Que linda visão esta sua. Vendo assim, parece que viver é a coisa mais simples do mundo. Mudança sempre gera expequitativas, e espero que todas elas sejam conrespondidas. Bjus.

http://contesta-acao.blogspot.com

Renata Carvalho Rocha Gómez disse...

Minha Bela,
Entendo ti... e como entendo...
E estou inlove rs... Acho que Deus olhou p/mim e disse: vai la, vai ser feliz ao lado de um homem bom. Estou feliz !
Quero te ver.
Um beijo