domingo, 29 de junho de 2008

Amor


Que promessas somos quando nascemos?Nossa genuinidade morre a partir do momento em que a gente nasce.Do primeiro toque com a pele da mãe, a gente começa a pulsar para o mundo e a partir dali a gente não sabe de mais nada.Assimilamos através de gestos,sons,cores e formas informações desse mundo que passa a ser nosso.
A convivência,a experiência fazem parte da nossa evolução e o que nos tornamos com o tempo é aquilo que mais me preocupa.
Acho que pelo menos uma vez na vida a gente pára um dia pra pensar e se pergunta:por que o relógio está despertanto,eu vou tomar meu banho,meu café,ir pro meu trabalho, tendo tempo,uma passada no cinema e depois voltarei pra casa,onde encontrarei meus pais,meus filhos ou eu mesma deitada numa cama, esperando passar umas sete horas para que tudo aconteça novamente?
Vivemos com medo.Medo de mudar,medo de errar,medo de se sentir isolado,constrangido,não compreendido,solitário,reprimido...Medo de tomar decisões.E no espaço de tempo entre o toque do despertador e o toque que apaga a luz do nosso quarto, esses medos nos atordoam, nos fragilizam,nos enlouquecem.E o espaço de tempo entre o despertador e o apagar das luzes fica cada vez mais frenético,passa cada vez mais rapido. Adiamos pensamentos,adiamos conversas,adiamos reflexões,adiamos decisões e adiamos mudanças.Se discutimos,ficamos no bla,bla,bla e nada se concretiza..um enorme vazio surge.
Ganhei de presente uma massagem.A música,o odor do óleo,o toque macio das mãos exploraram meu corpo e de olhos fechados descobri que o que faltava na vida de muita gente era o amor.Não acho que amor tenha múltiplas interpretações e traduções.O amor é uma coisa só,que a gente deveria olhar com mais zelo,dar mais atenção.Que ele saia do bico de um pássaro,através da sua música,que ele saia através da chuva,preocupada em irrigar a vida,que ele saia da boca dos apaixonados,de forma sincera e intensa.
O amor deveria ser interpretado como o elemento de conjunção entre toda forma de vida existente na terra.Eu deveria amar essa mulher aqui debaixo que coloca a música na maior altura ou a outra vizinha que coloca o carro na vaga de garagem que bem entende. Eu deveria amar o menino que eu não conheço e que a essa hora dorme um sono sossegado numa casa aconchegante em Estocolmo...e que amanhã cedo se despertará com o relógio,pegará o metrô,irá trabalhar,levará a namorada pra tomar um drink,levará ela pra casa,farão amor,apagarão as luzes e juntos irão esperar o início de mais um dia.
Sleeping, obra de uma das minhas artistas preferidas, Tamara de Lempicka

2 comentários:

Beto disse...

"Quando Afrodite (Deusa Grega da Beleza) nasceu, os deuses celebraram com uma grande festa. Entre eles se encontrava Poros (símbolo da abundância). Depois do jantar, Penia (símbolo da pobreza) se apresentou pedindo algumas migalhas, sem ousar passar da porta. Naquele momento, Poros embriagado saiu da sala e entrou no jardim de Zeus, onde dormiu. Penia então, instigada pela sua pobreza, teve a idéia de ter um filho de Poros; deitou-se ao seu lado e foi mãe de Eros (o Amor).
Por isso Eros é o companheiro e servidor de Afrodite, visto que foi concebido no mesmo dia em que ela nasceu e também porque ama a beleza, sendo Afrodite bela.
O mito nos ensina que o amor é uma força intermediária entre o mundo de seu pai, o mundo do eterno, do perfeito, dos arquétipo, onde reside o Belo e o Bom, e o mundo de sua mãe, do que é passageiro, mutável, carente, imperfeito no qual nos movemos.
O amor é então um laço que une o grande e o pequeno, o céu e a terra, o perfeito e o imperfeito, o diferente, de um modo geral. A própria essência do amor é a de ser intermediária, ponte entre os diferentes, a cola que une cada peça do quebra-cabeça da Humanidade."

(trecho da revista Esfinge nº16)

Beto disse...

O amor é a carência daquilo que não temos, do que nos falta. E é ele que nos faz correr atrás do nosso complemento, da nossa perfeição e felicidade!
Por isso que sou carente!
... dos beijos, da pele, da risada, da preguiça, das bolinhas de sabão na boca, do olhar vaidoso no espelho, do grudim, do sorriso e do choro, da pouca paciência com besteiras, da carência, do carinho, do ce...