quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Um palco para Tinoco

Foto da Revista Brasileiros

Quem não se lembra do Tinoco, que junto do irmão Tonico cantava as canções que a gente escutava no final de semana na roça? Quem não se lembra da triste história do Chico Mineiro contada nos versos dos dois caipiras?
Há alguns meses, eu li uma reportagem do Ricardo Kotscho para a revista Brasileiros sobre o rumo que a vida do Tinoco tinha tomado sem o irmão Tonico, que morreu em 94.
Da aposentadoria de mil reais que ele ganhava, dos 2,5 mil reais que ele tirava de cachê em shows nos sorteios da loteria e do dinheirinho que ele recebia em apresentações simples em casamentos, batizados e eventos por esse Brasil afora. Na minha cabeça, eu ficava imaginando um senhorzinho de idade, chegando num galpão humilde, numa churrascaria pra cantar com nostalgia as modas de viola que o tempo deixou pra trás na memória do povo.
Me lembro de ver as fotos na revista, de um Tinoco de blazer amarelo ovo, cabelos brancos na altura dos ombros, segurando um microfone com alegria, fazendo aquilo que fez pela vida inteira por prazer e que hoje é mais que uma necessidade.
Tinoco é só mais um daqueles artistas que tiveram seu auge, que da origem humilde subiram aos palcos, viram multidões nas festas de rodeio, nos estúdios de televisão e que hoje, passam seus dias no quase esquecimento, tentando reunir as forças que restam para tocar a vida.
Tinoco é um grande artista popular, disso ninguém tem dúvida. Tinoco é história, é cultura, é patrimônio. E hoje eu soube que Tinoco tem que rifar seu carro, o veículo que o leva para fazer os pequenos shows, pra pagar o tratamento de câncer da mulher. É que a música nao cura, a poesia não é remédio, a moda de viola não faz passar a dor. A vida é frágil e imprevisível, assim como a inesquecível história do Chico Mineiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente essa é a realidade de grande parte dos artistas, principalmente os mais antigos. Bjus e bom final de semana.

http://so-pensando.blogspot.com