sábado, 7 de março de 2009

Lar doce lar

Imagem Google

Quando me ligaram esta semana para dizer que o proprietário tinha pedido o apartamento onde eu moro, fiz as contas de quantas casas eu tive nos últimos 9 anos. Me surpreendi com o número:7. De 2000 pra cá, eu morei em 7 casas diferentes, com cozinhas diferentes, banheiros diferentes, camas diferentes, presenças diferentes. Sem contar todas as mudanças que tive de administrar, na maioria das vezes, sozinha.
A primeira casa foi um apartamento no bairro Ipiranga, aqui em BH, quando aos 18 anos, eu percebi naquele momento que dali em diante, era eu a tomar conta de mim mesma. Tinha um vizinho nojento que fumava e, certa vez, tomei um baita susto quando vi uma fumacinha de leve vindo do meu sofá. Ele tinha errado a mira e jogado a guimba bem dentro da minha sala. Depois, fui morar em um apartamento bem melhor no mesmo bairro, em uma avenida movimentada onde me lembro de ouvir um barulho estrondoso e ver um motoqueiro desfalecido no asfalto, com a vida interrompida de um segundo ao outro.
Na casa da tia Michela, em Pisa, na Itália, eu tinha um quarto só pra mim, com uma imagem do anjo da guarda na cabeceira e uma arara onde colocar meus casacos de frio.
O prédio antigo ficava em frente a estação de trem e era gostoso dormir com o barulho da ferrovia e com todos aqueles apitos. Ficava imaginando pra onde os trens estavam indo.
A casa na região sul de Florença era perfeita, com um terraço fantástico que a gente decorava no verão com tendas, sofás, almofadas e luzes pra curtir a estação mais feliz do ano. Foi ali que, uma noite, abri a janela e vi cair flocos de neve espessos, como jamais havia visto. A espreguiçadeira de pegar sol no terraço ficou branquinha, os carros totalmente cobertos e eu, totalmente banhada de brincar de guerrinha de neve.
O sótão da Via dei Bardi era minha casinha de bonecas, a residência da Branca de Neve e seus Sete Anões. Já falei dela por aqui e do inverno gelado que passei por lá.
O apartamento de Borgo San Frediano me fez deixar pra trás um colchão de casal maravilhoso que eu tinha comprado, mas não tinha ninguém que me ajudasse a carregá-lo. Os 8 meses que passei ali foram os últimos em terra estrangeira.
De volta a BH, o morro da Santo Antônio do Monte, que agora terei de deixar, me tira o fôlego todo santo dia.
Meu coração cigano anda meio cansado. Talvez tenha que passar por mais uma casa antes de habitar a definitiva.(Definitiva até quando?) As lembranças e objetos que eu carrego de mala em mala, de mudança em mudança são já suficientes para encher um grande pedaço de história.
Logo eu começo outro, mas dessa vez não estou sozinha. Vou ter, finalmente, uma casa pra chamar de minha, ou melhor, pra chamar de nossa. Um lugar onde não vou precisar me preocupar mais em fazer e desfazer malas.

4 comentários:

Aldrin Iglesias disse...

Cigana mesmo...

~Um lugar para chamar de "lar" é raro. Quase como encontrar uma pessoa especial.

Abraços

Renata Carvalho Rocha Gómez disse...

eu ajudo a organizar o chá de casa, ou chá de panela... ou entao a empacotar as coisas...
so ligar ! 97516963.
Bjs

Beto disse...

Eu ajudo a desempacotar as coisas e a jogar os superfluos meus e seus fora!... a gente nao precisa mais de bolsas, sapatos, oculos de marcas... agora soh precisamos dos nossos valores!kkkkk

Aproveita os chas de casa e panela pra fazer um bazar dos excessos de bagagem..kkkk

Bjs e te amo

Unknown disse...

eheheheh eu também ajudo ... em qualquer coisa é só chamar :-))beijim